Falta de interesse dos alunos dificulta aulas, dizem professores do Ciep General Osório
A escola com pior posição no ranking do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Estado do Rio de Janeiro é o Ciep Brisolão General Osório, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O colégio público obteve 477,82 pontos na classificação geral, 59% a menos do que o líder São Bento, escola tradicional da cidade do Rio.
Entre os problemas no Ciep apontados por alunos e professores, está a falta de água encanada nos banheiros há meses. Uma aluna de 21 anos do terceiro ano do ensino médio afirma que ninguém consegue lavar as mãos após as refeições, com a falta de água.
Por outro lado, os estudantes afirmam que a qualidade da merenda é boa. Um aluno de 16 anos, matriculado no primeiro ano do ensino médio, relatou que o almoço foi servido com arroz, feijão, carne com batata, chuchu, cenoura e de sobremesa, goiabada. A refeição é invejável, se comparada a de outras escolas públicas do país. Os dois alunos pediram para permanecerem anônimos na reportagem.
Os professores concordaram em falar, desde que não fossem identificados. Para eles, a infraestrutura do colégio - como na maioria das escolas públicas - deixa a desejar. Entretanto, para eles, esse não é um problema essencial para o mau desempenho dos alunos.
Segundo os docentes, a falta de comprometimento dos estudantes e de perspectiva a respeito do futuro impede que os jovens se esforcem nos estudos. De acordo com uma professora, falta ainda a participação mais próxima dos pais.
- A merenda é boa, o prédio do colégio está em condições aceitáveis... O problema são os alunos. A direção faz o melhor dentro do que lhe é oferecido, e os professores também se esforçam. Os alunos têm pouca motivação, pois não têm a visão adequada de que precisam estudar. Eles ainda não perceberam que estudam para eles, não para seus pais. Falta comprometimento com a vida deles.
- Não dá para lavar as mãos porque falta água no banheiro. Escovar os dentes, nem pensar. O pior é depois da aula de educação física, nós não podemos nem usar o vestiário, porque ele está cheio de cadeiras velhas e empoeirado.
No total, 29 alunos da escola da rede estadual participaram do Enem, mas apenas 26 fizeram a redação.
Para evitar distorções, considerou-se o corte de 50% ou mais de participação dos alunos no Enem como forma de comparar escolas em situação parecida. A recomendação vem do ministro da Educação, Fernando Haddad, que sugeriu ser "coerente" comparar escolas dentro da média nacional de participação. Os dados do Enem são de 2010, os últimos divulgados pelo MEC (Ministério da Educação). As notas das escolas tipo EJA (Ensino de Jovens e Adultos, o antigo supletivo) não foram divulgadas.