Valéria na porta de casa, em Vila de Cava. Se nega na desapropriação |
Para parte dos moradores da Baixada Fluminense, o Arco Metropolitano deixou de ser um avanço na malha rodoviária para se tornar um inimigo. Das 1.710 desapropriações que precisavam ser realizadas no trecho por onde passará a via, o Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) calcula que 90% já tenho sido concluídas. Entre os 10% que ainda faltam estão 50 famílias de Vila de Cava, em Nova Iguaçu. Elas moram exatamente sobre a linha por onde deverá passar o arco. Porém, se negam a sair de casa até que tenham uma indenização que considerem justa.
A dona de casa Valéria Pereira Ribeiro da Vitória, de 41 anos, que vive na Rua Bom Jardim desde que nasceu, se nega a deixar com os sete filhos a casa de sete cômodos pelo preço de R$ 12 mil. Valéria luta na Justiça para ter uma nova proposta de DER-RJ.
— Com esse dinheiro, eu não consigo comprar nem um terreno numa favela. O dinheiro que eles estão me oferecendo é uma ofensa — afirmou.
Valéria não quer fazer como a tia dela, Rose Inês Souza Ribeiro, de 53 anos, que aceitou R$ 17.400 como indenização e hoje vive de aluguel. A casa onde Rose Inês morava foi parcialmente demolida em novembro do ano passado. Na mesma rua, os entulhos de outras casas se acumulam.
— Passei uma vida inteira para construí-la com todo o conforto, mas acabei aceitando este dinheiro porque fomos ameaçados de expulsão — revelou Rose Inês.
Enquanto paga aluguel, Rose Inês constrói uma nova casa com recursos próprios e afirma que só com a mão de obra já desembolsou R$ 22 mil.
Propostas negadas
Segundo a Associação de Moradores de Vila de Cava, das 70 famílias que deverão ser indenizadas, apenas 20 aceitaram os valores propostos até agora.
O Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro respondeu, por meio de nota, que o "DER-RJ está com 90% dos acordos para desapropriações já executados em Vila de Cava. As acusações sobre ameaças são infundadas e precisam ser provadas. Qualquer família que não esteja de acordo com o valor oferecido pelas propriedades, valores estes que respeitam o que está estipulado no mercado, podem recorrer à Justiça e lutar pelo valor que acreditam ser o mais justo".
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