Muito triste saber que as rampas, onde se passaram grandes ídolos do Skate Mundial, estão abandonadas, esburacadas e sem políticas públicas. Isso não é uma vergonha só para Nova Iguaçu e sim para o Brasil, pois é, a primeira inaugurada no país.
A primeira pista de skate do Brasil está abandonada, 35 anos após sua inauguração, com muita pompa, na Praça Ricardo Xavier da Silveira, no Centro de Nova Iguaçu. Em formato de piscina, simulando leve movimento de uma onda e inaugurada no dia 4 de dezembro de 1976, a rampa está tomada por buracos e rachaduras em seus 960 metros quadrados. A situação gera protestos de skatistas que desenvolveram em Nova Iguaçu a habilidade nos movimentos sobra as rodinhas, como Paulo Cesar Duarte, o Careca, e o ator Humberto Martins. Dublê na novela ‘Malhação’, da Rede Globo, Careca não esconde a decepção.
“É uma constatação muito triste, já que por ela passaram manobristas de fama internacional”. Entre os citados por Careca está Bob Burnquist, campeão mundial em 2000 pela World Cup of Skateboarding, oito vezes medalhista nos X-Games americanos e embaixador do skate brasileiro no mundo. Ele se exibiu em 2004 na pista de skate de Nova Iguaçu carregando a tocha do Pan-Americano do Rio. Quatro anos depois, foi a vez de o americano Mike Valley ‘surfar’ na rampa. Palco também, em 1977, do primeiro campeonato de pista do Brasil, a rampa agora está bastante desgastada pelo tempo de uso e a falta de manutenção. Alem disso, está ultrapassada. “Não atende mais ao nível de exigências que o esporte atingiu no Brasil e no mundo”, observa o skatista Douglas Ugry, 34.
Ele explica que, para treinar, seja em nível profissional ou amador, o esportista de Nova Iguaçu, atualmente, tem que ir para o Parque de Madureira — agora com uma das melhores pistas. Outra opção é a Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul carioca. No dia 1º de dezembro, o Movimento Baixada ProSkate realiza o "2º SOS Pista”. O objetivo, explicam os organizadores, é cobrar ações do governo. Serão pedidos a reforma e o tombamento da pista e a revitalização da Praça Ricardo Xavier da Silveira.
O comerciante Tobias Soares, de 35 anos, que usa a pista desde a adolescência, propopõe construir também uma academia ao ar livre e colocar equipamento de lazer para idosos e crianças. “Hoje, nem quem mora no entorno usa a praça”, afirma.
Sem segurança, não há frequentadores
Além do abandono da pista de skate, os esportivas denunciam ainda que a Praça Ricardo Xavier da Silveira passou a ser frequentada por moradores de rua e viciados. Douglas Ugry destaca que, além de grande e espaçosa, ela fica em área nobre da cidade, tem história e poderia ser mais bem usada. O skatista lamenta que a praça esteja subutilizada, já que até os moradores do seu entorno evitam frequentá-la de dia e, sobretudo, à noite. “A situação melhorou um pouco depois que a Polícia Militar colocou policiamento diário no local”.
A Secretaria da Cidade informou que vai mandar uma equipe ao local para fazer uma avaliação. O objetivo é melhorar as condições da praça e da pista para a prática esportiva. Já a Secretaria de Serviços Públicos informou que a iluminação está perfeita e que alguns reparos eventuais são feitos.
Obra custaria R$ 200 mil
Na avaliação dos esportistas, a reforma da rampa de skate de Nova Iguaçu custaria em torno de R$ 200 mil. E poderia ser feita com apoio de empresários. Um primeiro passo seria a reestruturação da pista, que foi construída em cima de entulho compactado, um dos motivos apontados para o aparecimento de rachaduras.
“Além disso, o sol e a chuva fazem com que haja dilatação da rampa”, explica o advogado Gustavo Giehl, que presta assessoria jurídica para aos skatistas de Nova Iguaçu. Ele afirma que a reforma garantiria à pista, hoje ameaçada pelo tempo, manter sua importância histórica para o esporte. “A pista não pode desaparecer em hipótese nenhuma”, adverte.
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