quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ninguém segura mais o Ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh quer ser governador e PT do Rio já lhe declarou total apoio

“Êô, êô, Lindbergh governador!” Com apoio do vereador Ferreirinha e do Arthur Legal, que em janeiro será recebido de braços abertos na Câmara Municipal de Nova Iguaçu, a "Caravana da Cidadania" vai percorrer diversos Bairros. Quem se lembra do "Oba, Oba Obras" agora é a vez da Caravana.


Anunciado oficialmente pelo Diretório Estadual do PT como pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro em 2014, o senador Lindbergh Farias terá pela frente dois anos para construir um programa e um arco de alianças vitoriosos que permitam ao partido retornar ao centro da política fluminense, lugar do qual está afastado há muitos anos. Com o inédito apoio de todas as tendências internas do PT, Lindbergh teve sua candidatura aprovada por aclamação no domingo (11), em uma plenária que reuniu cerca de 300 militantes do partido no Sindicato dos Petroleiros.

“Minha candidatura não significa ruptura com o PMDB. É natural que o PT, que tem um candidato muito bem posicionado, apresente seu nome. Mas não vamos fazer oposição (a Cabral) na Assembleia Legislativa e nem atacar o governador. Queremos o PMDB conosco. Já Garotinho, não podemos subestimar sua força”, alertou Lindbergh, dizendo que tem conversado com o ex-presidente Lula. “Ele (Lula) tem me dito: ‘faça o seu caminho, mas preserve a boa relação com o governador’, revelou.

Também se fizeram presentes os vereadores do PT eleitos em Nova Iguaçu  o vereador Ferreirinha e o companheiro Arthur Legal e demonstraram seu total apoio a pré-candidatura de Lindbergh ao governo do estado em 2014. “Vamos participar desde já das caravanas, ajudando na organização na Baixada Fluminense”, disse Ferreirinha. Arthur Legal, eleito vereador nesta eleição, demonstrou entusiasmo com a candidatura de Lindbergh. “Precisamos de um governador comprometido com a Baixada e esse governador é o Lindbergh, enfatizou.

Apesar da força dos movimentos sociais em todo o estado e da tradição de esquerda da capital, o PT jamais foi protagonista nas eleições para o governo ou para a prefeitura do Rio. Em nível estadual, o partido esteve no poder por nove meses em 2002, durante a gestão tampão de Benedita da Silva, na época vice-governadora de Anthony Garotinho (PMDB). Repleto de problemas políticos (o PT havia rompido com Garotinho) e com o partido voltado para o que viria a ser a primeira eleição vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, esse curto período à frente do governo estadual não é considerado relevante pela maioria da militância petista fluminense.

A expectativa petista de chegar ao governo do Rio nunca foi tão grande como a alimentada pelas eleições de 2014. Pesquisas telefônicas de intenção de voto encomendadas pela sigla em todas as regiões do estado mostram Lindbergh como o candidato que aparece com o maior número de menções espontâneas, em um patamar parecido ao alcançado pelo nome de Garotinho, hoje no PR. Ambos aparecem bem à frente do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão, que figura como candidato do PMDB à sucessão de Sérgio Cabral.

Permanecer à frente de Pezão é o maior trunfo que Lindbergh espera obter nos próximos anos. Se conseguir esse objetivo, facilitará o apoio de Lula, da presidenta Dilma Rousseff e da direção nacional do PT à sua candidatura, que implica necessariamente na implosão – ainda que momentânea – da aliança com o PMDB no Rio. Ocorrida após a eleição de Cabral, a parceria entre os dois partidos se solidificou e se estendeu ao apoio à reeleição do governador e também ao apoio às duas eleições do prefeito da capital, Eduardo Paes, que a partir de janeiro do ano que vem terá como vice-prefeito o petista Adilson Pires.

Agora, no entanto, o clamor uníssono do PT fluminense é pela candidatura própria e pelo fortalecimento do papel do partido: Temos uma relação respeitosa com o governador Cabral e precisamos trabalhar na tese da manutenção da aliança com o PMDB. Esperamos o apoio do PMDB à candidatura do Lindbergh, mas, se isso não for viável, entendo que o PT tem o direito de buscar o seu rumo. Não podemos ficar sempre pagando a fatura da aliança”, diz o deputado federal e ex-ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.

Apesar da retórica do deputado petista, a realidade é que o apoio do PMDB a Lindbergh é praticamente impossível, uma vez que a candidatura de Pezão vem sendo trabalhada desde 2010 e seu nome unifica os grupos de Cabral e do presidente estadual do partido, Jorge Picciani. Logo após a confirmação da reeleição de Paes, o prefeito do Rio visitou Dilma e Lula acompanhado por Cabral e Pezão, em uma movimentação que foi encarada pelos petistas fluminenses como uma tentativa de associar o nome das duas lideranças petistas à candidatura do vice-governador em 2014.

A reação de Lindbergh foi imediata, e o senador anunciou que pediu pessoalmente a Dilma e Lula que procurassem não impedir a candidatura própria do PT para o governo do Rio: “O PT tem candidato e o PMDB também. Isso é fato. O papel de Dilma e Lula será mais à frente, com o apoio ao candidato que for ao segundo turno. No primeiro turno, eles irão naturalmente apoiar a candidatura do PT”, disse.
Caravana da Cidadania

Luiz Sérgio lembra que em 2010, atendendo a um pedido de Lula, Lindbergh desistiu de concorrer ao governo para apoiar a reeleição de Cabral, que aparecia mais bem colocado nas pesquisas. O petista optou pelo Senado, onde foi o candidato mais votado e acabou por consolidar a pretensão de chegar ao governo estadual. “Agora é a vez do PT no Rio. Qualquer ação do Diretório Nacional do partido no sentido de tolher esse debate será vista por nós como uma tentativa de intervenção”, diz o deputado.

Para consolidar seu nome em todo o Rio e forjar uma candidatura capaz de vencer o candidato do governo, Lindbergh anunciou que, após o carnaval do ano que vem, iniciará uma “caravana da cidadania” que, até 2014, visitará os 92 municípios fluminenses. O modelo é inspirado nas viagens feitas por Lula em mais de 300 cidades brasileiras em 1993 e 1994, e prevê a formação de uma equipe de parlamentares e dirigentes petistas que acompanhará o senador. Na campanha municipal, Lindbergh esteve em 66 municípios, e quer aproveitar o fato de o PMDB ter encolhido de 35 prefeituras conquistadas em 2008 para 24 nas eleições deste ano.

Improbidade

Para viabilizar sua candidatura, no entanto, o pré-candidato do PT ainda precisará resolver um problema na Justiça. No dia 3 de outubro, a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio condenou Lindbergh por improbidade administrativa e suspendeu seus direitos políticos por cinco anos por ter contratado sem licitação a empresa Luxelen Montagens Elétricas em janeiro de 2005, quando era prefeito de Nova Iguaçu. A decisão é passível de recurso, mas, se confirmada, impedirá a candidatura do petista ao governo do Rio em 2014.

No recurso apresentado, os advogados de Lindbergh afirmam que em 2005 os contratos firmados pela gestão anterior na prefeitura já haviam vencido, por isso a contratação da empresa foi feita em caráter de emergência para que não fosse interrompido o serviço de manutenção e conservação do sistema de iluminação pública em Nova Iguaçu. Lindbergh se diz confiante na reversão da condenação: “Eu sou candidato, e essa decisão será reformada”, diz o senador.

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