sábado, 19 de maio de 2012

Por falta de pagamento do SUS, Clínicas de Nova Iguaçu podem paralisar atendimento

Olha o ponto que chegou, as clínicas pensam em paralisar o atendimento, coisa que é nosso direito, desde que foi criado o SUS. Ainda querem botar a culpa no governo anterior, não assumem a responsabilidade e por que não procuraram acertar anteriormente.


Fonte: Jornal Extra

As 27 clínicas de Nova Iguaçu que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) respiram por aparelhos. Elas estão sem receber os pagamentos mensais do SUS, não repassados pela Secretaria municipal de Saúde. Os atrasos vêm desde julho do ano passado. Por isso, os proprietários decidirão em assembleia, no próximo dia 23, se vão paralisar os atendimentos pelo SUS na cidade.

Ao todo, a dívida ultrapassa os R$ 10 milhões, segundo o presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde da Baixada Fluminense (Sindhesb), Marcus Camargo Quintella. A maior parte das clínicas não recebe pelos serviços há dez meses. Em abril deste ano, foi paga a parcela de junho de 2011.

- Os atrasos são comuns desde governos anteriores. Porém, eram sempre dois, três meses acumulados. Agora, a situação está crítica - afirma Quintella.

No site do Fundo Nacional de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, estão em dia os pagamentos feitos à Prefeitura de Nova Iguaçu. Abril foi pago no início de maio.

- Só com o dinheiro repassado pelo ministério neste ano, todas as clínicas já teriam sido pagas e ainda sobraria verba. Só queremos saber onde foi parar o dinheiro - diz o presidente.

Sem o pagamento dos serviços prestados, as clínicas começaram a atrasar os salários dos funcionários e dos fornecedores. Há casos de instituições, confirmados pelo sindicato, que já deixaram de atender exames.

- Estou com dificuldades para pagar os meus cem funcionários. Já perdi três dos meus cinco ortopedistas. Também estou devendo fornecedores e o banco, onde fiz empréstimo. Se não receber pelo menos três meses de 2011, não sei como continuarei com a clínica aberta - dise dono de uma clínica, que, com medo de represálias, preferiu não se identificar.

Secretário diz que problema é de governo anterior

De acordo com o secretário de Saúde de Nova Iguaçu, Carlos Henrique M. Reis, os problemas no atraso de pagamento de prestadores e repasses de verbas começaram na gestão passada, não sendo portanto, "situação originada" no atual governo. Os débitos passados, acrescenta o secretário, além do atraso do Ministério da Saúde em repassar o dinheiro, são responsáveis pelos problemas.

Reis disse ainda desconhecer a informação de que algumas clínicas estão deixando de atender a determinados serviços pelo SUS por falta de pagamento. Questionado se há previsão para que os repasses atrasados sejam pagos, o secretário explicou apenas como funciona o pagamento das unidades.

Os números

R$ 174.733,950,98

Em 2011, o governo federal repassou a verba, por meio do Fundo Nacional de Saúde, para a Prefeitura de Nova Iguaçu.

R$ 124.336.369,22

Destes recursos, R$ 124.336.369,22 deveriam ser aplicados nos serviços de média e alta complexidade hospitalar, desenvolvidos por mais de 60% das clínicas.

R$ 53.957.738,43

Somente nos primeiros quatro meses de 2012, foram repassados R$ 53.957.738,43 ao município.

R$ 34.349.753,04

Destes recursos, R$ 34.349.753,04 deveriam ser aplicados nos serviços de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar. 

R$ 2,04

Pela tabela, o SUS paga R$ 2,04 por consulta de clínica médica, R$ 5,15 por eletrocardiograma, R$ 24,20 por uma ultrassonografia abdominal total e R$ 30 por um exame de ergonometria.

12 creches foram obrigadas a encerrar suas atividades em Nova Iguaçu. Por falta de recursos

Mas uma vez as crianças que perdem com tanta irresponsabilidade. Antes era merenda agora 12 creches sem repasse


Fonte: Jornal Extra

Mais de 500 crianças, com até 5 anos, viram as portas de 12 creches comunitárias fecharem nos últimos quatro anos em Nova Iguaçu. No Jardim Guandu, bairro onde o censo do IBGE de 2010 registrou 1.558 crianças com até 5 anos, as únicas duas creches encerraram as atividades em 2009.

Ex-monitora de creche, Alessandra dos Santos, de 31 anos, abandonou o emprego para cuidar dos dois filhos, de 3 e 6 anos, depois de as instituições fecharem. Sem condições de pagar R$ 250, por criança, a uma babá, ela preferiu ser dona de casa.

— Era impossível deixar os meus filhos sozinhos. Não tive outra opção — desabafa.

Segundo o Núcleo de Creches e Pré-Escolas Comunitárias da Baixada Fluminense (Nucrep), somente no entor$da Avenida Abílio Augusto Távora, nove creches teriam fechado desde 2008, incluindo as duas do Jardim Guandu. Os motivos vão desde má-gestão até falta de recursos.

Na casa de Patrícia de Souza, de 26 anos, a falta de creche no Guandu impediu que ela pudesse trabalhar num salão como manicure.

Mãe de três crianças, com idades entre 3 e 7 anos, Patrícia atende clientes em casa, mas admite que o ganho poderia ser o dobro se trabalhasse em local apropriado. O filho mais velho, Pablo, chegou a frequentar uma das instituições do bairro.

— Há três anos, parei de trabalhar fora. Não tenho condições de pagar para alguém ficar com eles, e a creche comunitária mais próxima fica a dois bairros de distância, a cerca de uma hora de caminhada — explica.

Agora, só sobrou uma

No bairro Andrade Araújo, três instituições foram municipalizadas em 2009, porque os administradores alegaram não ter condições de se manter. Hoje, apenas uma existe e atende a 126 crianças.

Exemplo de creche comunitária, a Carlos Martins funcionou durante 24 anos no prédio da Paróquia Santa Rita de Cássia do Cruzeiro do Sul. Porém, com os constantes atrasos no repasse de verba, a paróquia repassou o $para a prefeitura.

Após o fechamento da creche, em dezembro de 2009, a servente de escola Célia da Silva, de 60 anos, conseguiu matricular o neto Alexandre Santos, no jardim de uma escola municipal. O garoto estudava apenas meio período, e, no restante do dia, ficava no trabalho da avó. Atualmente, o prédio que abrigava a Carlos Martins atende alunos da catequese da paróquia aos sábados.

Promessas de unidades escolares

Através de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Educação de Nova Iguaçu alegou que uma das creches do Jardim Guandu oficializou, em 2009, a desistência do convênio porque estava em processo de reestruturação administrativa. Já a outra instituição do bairro, explicou a secretaria, teve convênio com a prefeitura entre 2006 e 2007.

Para a região da Avenida Abílio Augusto Távora, estão sendo construídas cinco unidades escolares de educação infantil. No entanto, de acordo com as autoridades municipais, ainda não há previsão de início das aulas e, tampouco, de quantas vagas serão abertas para as crianças nestas unidades.

A secretaria garantiu ter criado 6.743 vagas de educação infantil desde 2009. Ao todo, 87 escolas municipais oferecem parte destas vagas. Outras 17 instituições são apenas para crianças de 2 a 5 anos, mas cada uma atende numa única faixa etária.

A secretaria informou ainda que a Creche Nossa Senhora da Luz, citada na matéria publicada ontem, está com o prédio interditado porque oferecia risco às crianças. Uma comissão da Secretaria de Educação esteve no local para a aprovação do espaço paroquial onde hoje estão as 46 crianças da instituição.